em tuas mãos guerreiras a sentença errante de um sol enjaulado pulsa e tua espada espectral é uma galáxia de versos desferidos contra o oblíquo espaço humano onde o poema – campo de combate cotidiano – trava consigo uma luta corporal na hieroglífica paisagem de signos.
peregrinos por entre escombros vocabulares - anteriores altares de deuses – o gesto primitivo, brutal, de tua espada r o m p e
o flanco demente na margem ígnea de íris perplexas onde o real e o sonho ga – lo – pam lado a lado sob o mesmo sol domado
no escuro de mim é que me perco e me acho: boi cego a ruminar estrelas vida, meu jogo radical, nem tanto ao bem, nem tanto ao mal. antes eu, de mim mesmo a ferida.
meu corpo, planeta profano, em trânsito pela galáxia de humanos e máquinas. eu (perplexo), espelho invertido, convexo do mundo que me engasga.
meu tempo, o tempo que dura a emoção. elemento estrábico onde leio remotas notícias de mim.
sangro dentro da noite num monólogo mudo, terminal, por entre zonas de sono e silêncio onde toda verdade é mentira, onde toda mentira é real
(*) 1º lugar no concurso de poesia da UFPI – 1987.
sacos ao vento homens de plástico confusos, transparentes, no lugar do coração o logotipo de alguma multinacional. fantasias de carnaval? no! homens de plástico descrevendo no espaço etapas de um lento movimento que parece não ter fim. sacos e homens patéticos e um vento apocalíptico soprando. vento morno desempregando ex-homens metais. homo-faber que mora no ABC e não sabe ler. impasse. Grave greve decretada. Paralisação geral. à mesa patrões e empregados discutem desejos expostos de importância capital. lá fora sacos de plástico vazios, vazios estômagos desse filhos de Adão. homens de plástico esmagados ao chão, seus filhos entulhados em barracos, pares de olhos que desde cedo focalizam um mundo imundo. bocas fechadas ao protesto e à comida, corpos esqueléticos, tentativas de vida, em meio a um vôo suicida, involuntários Kamikases brasileiros. arrastados pelas correntes de vento, esboços de homens desfilam em câmara lenta numa melancólica agonia
(*) 1º lugar no concurso de poesia da UFPI – 1986)
As poesias acima inovam pelo fato de serem interativas, primando pela 'velocidade', permitindo rápidas leituras e diversas interpretações. Com isto também chamam a atenção do leitor pela forma que são escritas, aguçando assim a vontade de cada vez mais lÊ-las.
Os poemas acimam primam pela rapidez de comunicação em detrimento da expressão clara de um sentimento ou de um desejo. Trabalham muitas vezes com imagens específicoas ao mesmo tempo em que constroem perante seu interlocutor um sentido definido.
poema um
ResponderExcluirno escuro do quarto
o terço de minha mãe dependurado
em meu claro sonho de menino
desmanchado pelo tempo.
ERNÂNI GETIRANA
ao poeta
ResponderExcluirem tuas mãos guerreiras
a sentença errante de um sol enjaulado pulsa
e tua espada espectral é uma galáxia de versos
desferidos contra o oblíquo espaço humano
onde o poema – campo de combate cotidiano –
trava consigo uma luta corporal
na hieroglífica paisagem de signos.
peregrinos por entre escombros vocabulares
- anteriores altares de deuses –
o gesto primitivo, brutal, de tua espada
r
o
m
p
e
o flanco demente
na margem ígnea de íris perplexas
onde o real e o sonho ga – lo – pam lado a lado
sob o mesmo sol domado
(1º lugar no concurso de poesia da UFPI de 1985)
ERNÂNI GETIRANA
EGOSSISTEMA
ResponderExcluirno escuro de mim
é que me perco e me acho:
boi cego a ruminar estrelas
vida, meu jogo radical,
nem tanto ao bem,
nem tanto ao mal.
antes eu, de mim mesmo a ferida.
meu corpo, planeta profano,
em trânsito pela galáxia de humanos e máquinas.
eu (perplexo), espelho invertido, convexo
do mundo que me engasga.
meu tempo, o tempo que dura a emoção.
elemento estrábico onde leio remotas notícias de mim.
sangro dentro da noite
num monólogo mudo, terminal,
por entre zonas de sono e silêncio
onde toda verdade é mentira,
onde toda mentira é real
(*) 1º lugar no concurso de poesia da UFPI – 1987.
ERNÂNI GETIRANA
ernani_lima@ig.com.br
SINTÉTICO
ResponderExcluirPOUCAS PALAVRAS
SOLTAS
POUCAS PALAVRAS
ROUCAS
POUCAS PALAVRAS
LOUCAS
ERNÂNI GETIRANA
realidade plástica
ResponderExcluirsacos ao vento
homens de plástico confusos, transparentes,
no lugar do coração o logotipo de alguma multinacional.
fantasias de carnaval?
no!
homens de plástico descrevendo no espaço
etapas de um lento movimento que parece não ter fim.
sacos e homens patéticos e um vento apocalíptico soprando.
vento morno desempregando ex-homens metais.
homo-faber que mora no ABC e não sabe ler.
impasse. Grave greve decretada. Paralisação geral.
à mesa patrões e empregados discutem desejos expostos de importância capital.
lá fora sacos de plástico vazios, vazios estômagos desse filhos de Adão.
homens de plástico esmagados ao chão, seus filhos entulhados em barracos,
pares de olhos que desde cedo focalizam um mundo imundo.
bocas fechadas ao protesto e à comida, corpos esqueléticos, tentativas de vida,
em meio a um vôo suicida,
involuntários Kamikases brasileiros.
arrastados pelas correntes de vento, esboços de homens desfilam em câmara lenta
numa melancólica agonia
(*) 1º lugar no concurso de poesia da UFPI – 1986)
ERNÂNI GETIRANA
ernani_lima@ig.com.br
As poesias acima inovam pelo fato de serem interativas, primando pela 'velocidade', permitindo rápidas leituras e diversas interpretações. Com isto também chamam a atenção do leitor pela forma que são escritas, aguçando assim a vontade de cada vez mais lÊ-las.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOs poemas acimam primam pela rapidez de comunicação em detrimento da expressão clara de um sentimento ou de um desejo. Trabalham muitas vezes com imagens específicoas ao mesmo tempo em que constroem perante seu interlocutor um sentido definido.
ResponderExcluir